terça-feira, 9 de agosto de 2011

Sant'Ana de Caicó: Patrimônio Nacional



Ao final desta Festa de Sant’Ana de Caicó, realizada há 263 anos, desde quando em 1748 o Padre Francisco Alves Maia ergueu um cruzeiro onde viria a ser construída a atual Catedral, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN conferiu a esta tradicional manifestação de fé religiosa o certificado de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, o que até agora só ocorreu com mais 21 manifestações brasileiras, entre as quais se destacam a Feira de Caruaru, o Frevo, o Toque dos Sinos de Minas Gerais e apenas duas outras de caráter religioso, que são a Festa do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém do Pará, agraciada no ano de 2004 e a Festa do Divino Espírito Santo, em à à Pirenópolis, Goiás, no ano de 2010.
Se esta distinção é motivo de orgulho para os caicoenses, seridoenses e visitantes habituais da Festa de Sant’Ana, não pode igualmente deixar de se constituir em nova missão, não apenas da Igreja Católica através da Diocese de Caicó, como do Poder Público Municipal e Estadual, da iniciativa privada e de toda a comunidade, coobrigados não apenas na manutenção desta tradição, como na melhoria de meios que se fazem necessários às comemorações anuais que se revelam cada vez mais crescentes em números de participantes, residentes e visitantes. Daí porque, já de agora, faz-se necessária a instituição de um Conselho Tripartite – Igreja, Governo e Sociedade Civil, incumbido não somente da programação anual da Festa de Sant’Ana de Caicó.
Isto porque, não se pode negar ou duvidar que, mesmo antes desta distinção, que a Festa de Sant’Ana de Caicó se constitui naquilo que viria a se chamar na atualidade de turismo religioso, praticado desde muito tempo de forma espontânea pelos caicoenses e visitantes que anualmente abarrotam as casas de parentes e amigos, à falta de hotéis e pousadas – embora há poucos anos estas tenham proliferado embora funcionando de forma improvisada; acorrem às lanchonetes e barracas de comidas – porque restaurantes de boa qualidade ainda são poucos; disputam as ruas apinhadas de veículos, em trânsito ou estacionados de forma irregular; e neste ano, de forma mais visível e notória, tiveram que vencer as ruas esburacadas e as montanhas de lixo.
Isto para falar apenas nos aspectos social e profano, porque no aspecto religioso, se a bela Catedral de Sant’Ana passou por obras de recuperação que não somente protegeram o seu teto de desabamento como deram-lhe aparência renovada, é ela insuficiente para abrigar a grande multidão de religiosos que acorrem às missas e novenas, razão pela qual talvez não fosse exigir demais que estes atos passassem a ser realizados na praça pública que a circunda, atualmente denominada de “Monsenhor Walfredo Gurgel”, a qual precisaria ser dotada de uma infra-estrutura adequada de vias de circulação para pedestres, assentos, entre outros, inclusive sendo interditada, definitivamente, ao trânsito de veículos.
Quanto ao Poder Público Municipal, não resta dúvida que o mês de julho, por força da Festa de Sant’Ana deve ser o mês da concentração de esforços para a faxina geral da cidade, com a recuperação ou melhoria da pavimentação, da iluminação pública, do serviço de coleta de lixo, da implantação de áreas de estacionamento (ainda que remunerado), da guarda de pessoas e bens, da vigilância sanitária, e de outras obras e serviços em benefício não apenas da população local mas de quantos milhares de pessoas procedem dos vários pontos da região, do Estado, do Brasil e até do exterior. Sem desprezar o estímulo à iniciativa privada no sentido de construção e de operação de meios de hospedagem, seja em hotéis e pousadas ou mesmo nos edifícios residenciais que têm surgido em profusão; de meios de alimentação e outros que tais.
Claro que, além da Diocese de Caicó, do Poder Público Municipal e Estadual e do empresariado, a sociedade civil também deve se empenhar nesta missão, porque não basta desfrutar do que a Festa de Sant’Ana propicia, sendo indispensável concretizar o “caicocentrismo” a que se referiu o jornalista caicoense Roberto Fontes em artigo publicado em jornal deste fim de semana, a fim de identificar o que cada um pode fazer não apenas para manter a fama do evento mas para melhorá-lo em todos os seus aspectos. Nesse sentido é que, tenho a sorte de ser entrevistado por uma jovem estudante do Curso de Geografia do Campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte em Caicó, lhe manifestei algumas destas idéias e mais a de que é necessária a colaboração de todos em favor da Festa de Sant’Ana de Caicó – Patrimônio Cultural Imateral do Brasil.

ALCIMAR DE ALMEIDA SILVA. Advogado, Economista, Professor Universitário, Cidadão Caicoense. E-mail: aasconsultoria@bol.com.br

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