quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Jornalista presta homenagem a José Augusto, um dos caicoenses mais notáveis da história

Leio na Tribuna com um sentimento de orgulho em ser conterrâneo deste ilustre caicoense, uma bela homenagem do jornalista Ticiano Duarte a José Augusto, um  dos homens mais notáveis  do RN. A ele deveria ter sido prestadas todas as homenagens pela dádiva do Itans. Foi no governo dele que se inaugurou um dos mais belos espelhos d´água do Estado, o, agora, Açude ministro José Américo..... A Câmara Municipal de Caicó, ao prestar todas as homenagens ao ministro paraibano, se esqueceu do quinhão de participação do governador José Augusto na construção do Itans e em muitas outras obras importantes para o Estado.


Governador José Augusto



LEIA A HOMENAGEM DO JORNALISTA DA TRIBUNA DO NORTE, TICIANO DUARTE, AO CAICOENSE JOSÉ AUGUSTO

Estive, sábado último, em Caicó, participando da Feira de Livros, coordenada pelo jornalista Osni Damásio e seus companheiros da Oficina de Notícias. Revi alguns amigos e reencontrei também lembranças do menino que ali morou, na década de 30, quando o pai, servidor do Estado, administrou a antiga Mesa de Rendas, órgão arrecadador de tributos estaduais.

Na principal praça da cidade, a presença do velho José Augusto Bezerra de Medeiros com o seu busto a contemplar a paisagem sertaneja de longo azul, ao sol incandescente. A bravura de um povo que suportou o flagelo das secas e os desastres de governos incompetentes e da omissão criminosa do poder central, ao longo dos anos.

José Augusto, o líder do passado, cuja vida foi exemplo de decência e honradez na vida privada e pública. Ex-governador, ex-senador da República, ex-deputado federal, no golpe de 1937, fechado o Congresso nacional pelo ditador Getúlio Vargas, sem mandato, para sobreviver, o caicoense, passou a viajar pelo norte e nordeste do país, como corretor de seguros, nas regiões onde viviam os seus amigos pais próximos.

Saiu da revolução de 1930 hostilizado e apontado como "carcomido", título que era atribuído aos detentores do poder naquela fase, como integrante do grupo político de idéias superadas, de comportamento "viciado", posturas que os revolucionários prometeram extirpar, renovando métodos e ações que eram apontadas como responsáveis pelo "estado de coisas" que infelicitava a nação inteira no auge do período das oligarquias e do predomínio dos coronéis e seus currais eleitorais.

Mas ele não era um político viciado, tão pouco um carreirista dos muitos que povoaram e ainda povoam nos diversos recantos deste país. Era um idealista, um democrata, um parlamentar, um cidadão de mãos limpas. E assim, em 1932, regressou ao nordeste para conspirar e apoiar os revolucionários constitucionalistas de São Paulo. Fundou em 1933, o Partido Popular e em 1934 era eleito novamente, deputado federal, pelo Rio Grande do Norte. Nesse período, quando estava em voga, procurando espaço no pensamento político do país, a doutrina nazi-fascista, José Augusto tomou posição aberta e corajosa contra o nacional socialismo de Hitler e Mussolini, ao publicar três livros defendendo suas convicções "A representação profissional nas democracias, O ante-projeto da Constituição em face da democracia" e "Porque sou parlamentarista".   

Em 1945, no famoso congresso de escritores, realizado em São Paulo, estava presente, ao lado de Graciliano Ramos, Monteiro Lobato, Carlos Drumond de Andrade, José Américo de Almeida, José Lins do Rego, Jorge Amado e tantos outros. Esse encontro de intelectuais firmou posição em favor da democracia e das liberdades públicas, reivindicando um sistema de governo eleito pelo povo, mediante sufrágio universal direto e secreto e o pleno exercício da soberania popular. Caía Getúlio Vargas e convocada eleições para Assembléia Nacional Constituinte, era eleito novamente deputado federal, pela legenda da UDN e tendo como seu companheiro de bancada, o jovem estudante, Aluízio Alves.

Foi vice-líder do seu partido, primeiro vice-presidente da Casa, de 1948-1950. Reeleito em 1950, no segundo mandato. Em 1954 tentando a reeleição foi derrotado pelas urnas fraudadas, traído por alguns setores do seu próprio partido. Jamais demonstrou ressentimentos, dos que de forma direta ou indireta ajudaram a encerrar, melancolicamente, sua brilhante carreira na vida pública, no Rio Grande do Norte que sempre honrou pela inteligência e honorabilidade.

A escuridão da cegueira não lhe tirou a visão do futuro de sua terra e do seu povo sofrido. Morreu sonhando que ainda seríamos livres, vencendo os estigmas da miséria, da fome e da sede, que rondavam e rondam ainda os lares dos seus irmãos nordestinos. Que o milagre das águas abundantes iria chegar um dia pelas mãos dos que tivessem competência e obstinação para canalizá-las, cortando os sertões distantes, no desafio que ainda permanece vivo, a esperar que se concretize o mega-projeto da transposição.  


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